terça-feira, 7 de setembro de 2010

Drum-enagem: Dia do Sexo (parte 2)

Por motivos de força maior (leia-se "um cochilo pesado que me fez ficar ausente do mundo por mais ou menos 6 horas"), publicarei a segunda parte somente agora; infelizmente, tendo o homenageado já se encerrado.

Como o GMSD e seu criador tardam mas não falham, eis o segundo texto, que aborda um assunto que sempre gerou bastante discussão, tanto entre homens quanto entre mulheres, e foi retirado da revista Superinteressante de junho de 2002.

*******

TAMANHO É DOCUMENTO, SIM!
por Clarah Averbuck


Você já deve ter se cansado de ouvir a declaração de que "tamanho não é documento". É uma daquelas frases auto-iludidas, como "é dos carecas que elas gostam mais". Desculpe, mas a maioria de nós não gosta de carecas. (Falta de cabelo pode indicar baixo nível de testosterona, que é um hormônio que não pode faltar num homem). Da mesma forma, é preciso encarar que tamanho é documento, sim, senhor.

É claro que estamos falando do nosso amigo pênis. Sem essa de dizer que o que conta para as mulheres são as preliminares. Ou que o prazer feminino depende do envolvimento com o dono do pênis em questão. Claro que tudo isso é importante. Mas a gente, tanto quanto os homens, também gosta de carne. Carne bonita. Muita carne. Se homem gosta de bumbum grande e seios fartos, por que a gente não pode gostar de volumes generosos também?

Que me desculpem os maldotados, mas o nosso prazer depende, sim, do tamanho do pênis. Estou falando do prazer no intercurso. Mas também do prazer visual, tátil. Se o rapaz tiver o melhor beijo do mundo e um pênis minúsculo, boa parte do esforço – o dele e o nosso – vai por água abaixo. Não há como negar. (Confesso que não consultei especialistas para chegar a essa conclusão: consultei garotas. Mas você quer alguém melhor para perguntar?)

O mito de que tamanho não é documento vem provavelmente de uma velha idéia machista de que mulher não gosta de ter prazer pelo prazer. Ou seja: o prazer físico seria privilégio dos homens, que são encorajados a fazer isso desde o momento em que deixam de engatinhar. Às mulheres caberia um interesse meramente emocional, quase platônico, em relação ao sexo. Saiba que não é assim. Mulher tem tesão, gosta de corpo, de curvas e precisa de prazer tanto quanto um latagão qualquer. Chega dessa história de que, para o rapaz, quanto mais mulheres arrecadar, melhor. Enquanto para a menina, vale o contrário: quanto menos viver, quanto menos curtir, melhor. Toda a diversão para eles e só culpa e vergonha para a gente? Chega.

Dizer que o tamanho do pênis não importa é deixar de reconhecer que também existem mulheres que procuram sexo sem envolvimento. Algo que não tem nada a ver com amor, casamento ou relacionamento emocional. A gente também gosta dessas coisas, claro. Assim como é evidente que ninguém se apaixona por um pênis sozinho, existem milhares de outros fatores que podem eventualmente tornar o tamanho do pênis um quesito secundário. Mas nada disso garante a alguém imaginar que, para as mulheres, o tamanho do pênis é apenas um pequeno detalhe. Não é.

Em uma recente matéria da Super, aprendi sobre o "investimento parental", um termo criado por um pesquisador americano que parte do princípio de que "óvulos são caros, esperma é barato". Isso faria com que os machos tendessem à poligamia e as mulheres, à monogamia. Tudo o que posso dizer a esse respeito é que dou graças a Deus por ser uma fêmea da espécie humana, com livre-arbítrio para escapar ilesa – e solteira! – dessa chatíssima imposição natural. Podemos tranqüilamente fazer sexo sem a intenção de gerar prole, tanto quanto um macho da espécie.

Sexo é algo que as pessoas deveriam praticar por um só motivo: é bom. Isso sempre foi claro e permitido para os homens. Só há bem pouco tempo começou a ser permitido para as mulheres pensar assim também. Mas ainda há resquícios da Idade das Trevas – ainda hoje, por exemplo, temos uma lei estúpida no Brasil declarando que se o marido descobrir que sua esposa não é mais virgem alguns dias depois do casamento, pode anulá-lo. Felizmente, a sociedade está mudando e preocupações como "será que ele vai achar que eu sou uma desclassificada porque aceitei o convite de ir para o motel logo no primeiro encontro?" estão dando (sem trocadilho!), na cabeça das mulheres, lugar a pensamentos bem mais saudáveis e menos neuróticos: tomar de cara a iniciativa e convidá-lo, se assim o coração mandar. Afinal, nada é tão saudável quanto o sexo sem neurose e sem culpa.

Curiosamente, alguns homens ainda têm resistência a esse tipo de comportamento feminino. O que é incompreensível. Quer dizer que só porque a garota foi para a cama com você no primeiro dia, isso significa que ela não é digna de um relacionamento duradouro? Se sexo é tão bom para você, por que não pode ser bom para ela também?

É triste viver numa sociedade que pune, ainda que veladamente, as mulheres que transam numa boa e que falam a verdade sobre o assunto como, por exemplo, que o tamanho é importante, sim, senhor.


*******


É, companheiros. Sabem aquela famosa frase "O que importa não é o tamanho da varinha, mas sim a mágica que ela faz"? Pelo visto, elas realmente acham que só as varinhas grandes são capazes de fazer boa mágica.

Aliás, reparem que o texto também aborda a questão da liberdade feminina em se divertir fazendo sexo quando quiser e em sentir prazer sem envolvimento amoroso com a contraparte, contradizendo a pitoresca e ultrapassada visão de que só os homens podiam fazê-lo.

Ou seja: O atraso não foi de todo ruim. Feliz Dia da Independência, galera!

0 comentários:

Postar um comentário